Ainda falando de “Teleton”, algumas coisas importantes precisam ser ditas. A maratona da solidariedade não tem mais fôlego e até mesmo o SBT parece ter deixado de lado a atração anual. Vejamos: de acordo com levantamento nos arquivos do blog, em 2007, o “Teleton” esteve no ar entre 22h30 de sexta até 1h39 de domingo (um pouco mais de 27 horas ininterruptas). No ano passado, o evento se iniciou por volta das 23h30 de sexta indo até quase 1h45 do domingo (aproximadamente 26h15, incluindo a exibição do capítulo de ‘Pantanal’). Neste ano, a maratona teve iníco às 23h10, de sexta, e saiu do ar um pouco depois da 0h30 do domingo. Ou seja, um pouco mais de 25h. A edição exibida no final de semana não contou com material ao vivo durante a madrugada, optando por mostrar clips especiais (como os rankings dos cantores e apresentadores que mais vezes estiveram presentes no programa, os artistas que já faleceram e as ‘gafes’ da atração).
O “Teleton” quase foi o mesmo de anos anteriores. A única diferença, agradável por sinal, foram as reportagens feitas pelos apresentadores da emissora Ratinho e Celso Portiolli. As histórias de atendidos pela AACD diminuiu drasticamente. No palco, alguns convidados musicais cantaram a mesma canção mais de uma vez (casos de Regis Danese e da banda Dejavù) e apresentadores quase entraram mudos e saíram calados (como Cris Poli, a SuperNanny). De positiva, a divertida participação de Raul Gil, que fez afinada dupla com Ratinho, que também dividiu o palco com Luis Ricardo e Christina Rocha. Com o ex-Bozo, protagonizou um dos momentos mais emocionantes ao mostrar a história de Didi Oliveira (ex-redator de programas infantis do SBT), que ao sofrer dois AVCs, passou a ser atendido pela associação. De negativa, a divulgação por parte de Eliana e Roberto Justus do valor de seus cheques. A atitude rendeu uma advertência pública de Silvio Santos. Não é para menos. Afinal, foi um ato impensado dos dois apresentadores, que não tinham motivo para esse tipo de ‘propaganda’. Até porque, o valor – 100 mil reais – pode ser considerado extremamente baixo se comparado com os salários milionários que recebem.
Falta ao “Teleton” algum atrativo ao grande público. Por mais comoventes que sejam as histórias dos pacientes atendidos pela entidade, isso não segura mais o público por horas e horas. No passado, a emissora promoveu edições especiais do ‘Curtindo uma Viagem’, ‘Family Feud’, ‘Roda a Roda’ e ‘Show do Milhão’, além de gincanas com famosos e o ‘Show de Talentos’. Aos poucos, nada disso sobreviveu. A ‘Bancada Brasil’, com representantes de rádios e afiliadas, foi criada e extinta. Dessa vez, ‘twitteiros’ e blogueiros foram convidados, mas a grande maioria passou despercebida pelo público e não tinha nenhuma função específica na maratona. De nada adianta inflar o “Teleton” de apresentadores, inclusive da concorrência, se a maioria é mal aproveitada. Não por menos, o encerramento com Silvio Santos e Hebe é disparada a parte que obtém os melhores momentos e índices e é a favorita do público.
Neste ano, nem o ‘Show da Meta’ do “Teleton” reservou bons momentos, tirando uma ou outra tirada de Silvio Santos. O animador elogiou a beleza de Claudia Leitte, brincou com José Serra e Gilberto Kassab, fingiu que falava com representantes de outras emissoras e afirmou que alguns artistas como ele e Hebe, em suas palavras, fazem bobagem, mas como não morrem, precisam de alguém que os tirem a vida. Santos criou ainda ’saia-justa’ ao comparar um representante do Bradesco ao ‘bispo’ Edir Macedo. Só Itaú, Bradesco e Guaraná Antárctica doaram um pouco mais de 11 milhões dos quase 20 arrecadados. Isso deixando de lado outras doações feitas ao longo do dia. Se a cada ano a meta é maior, a cada ano o ‘pelotão do cheque’, doa mais e, consequentemente, o público doa menos. Ou porque não assiste o programa, ou porque sabe que o ‘pelotão’ vai salvar a ‘pátria’, no final.
O “Teleton” precisa continuar no ar. Só que é necessária uma total reformulação para o ano que vem. E pensando no futuro mais distante, principalmente. Hebe e Silvio Santos são a alma do programa. E como eles não têm substitutos, a maratona precisa, desde já, encontrar um outro caminho. Ou pelo menos, ensaiar, aos poucos. Não pelo SBT. Pela AACD.
Por Guilherme Guidorizzi
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